Joelma Bispo
Afetar e se afetado nos processos de ensino e aprendizagem envolve entre outras coisas, encontros e desencontros que movem, assustam, distanciam, nos põe a pensar, relacionar e nos desafiam a compreender as nuances que são tecidas e a (des)construir ideias, conceitos e concepções. Como estudante, no ensino remoto, tive que apreender a dinâmica produzida a partir das situações propostas nos três componentes curriculares oferecidos pelo programa de pós-graduação na FACED, como pré-requisito do doutorado. Foram situações didáticas desafiadoras, a necessidade de lidar virtualmente com diferentes colegas e professores.
Salvador Dalí
Entre os gestos, palavras, debates, conversas, diálogos que iam se constituindo entre a dificuldade da colega mãe de três filhos-estudantes da educação básica que não conseguia conexão suficiente para participar junto com eles das aulas, do silêncio e olhar de tristeza de um colega que perdeu a mãe para o COVID-19 e angústias de outros que foram contaminados; a satisfação pelos bons e produtivos debates acalorados em alguns momentos.No decorrer dos encontros de cada disciplina, enquanto ouvíamos, além de falar, também podíamos escrever, rir, conversar paralelamente sobre conteúdos que estavam em questão ou não; da graça que se fazia nos incidentes em que precisávamos lidar com demandas familiares ou necessidades fisiológicas e o esquecimento da câmara ligada. Alguns vexames! Entre um e outro “flagra”, nos defrontávamos com hipertextualidade do nosso pensamento que nos liga, desliga, nos (des)conecta de forma singular com aquilo que nos propomos a viver e aprender.
Tudo isso afetando e por nós sendo afetado. Afeta também aquele professor-coordenador da disciplina que desconsiderava ou não conseguia captar as participações via chat; aquele que rapidamente comentava e captava manifestações do grupo por mensagens escritas, que acha graça dos comentários “paralelos” conseguindo conectar fios que pareciam desconectados. Melhor que no presencial? Contexto fomentador de debates, discussões, desconstruções. No (im)possível da vida, no (im)possível do existir, presenças e ausências se forjaram, nos ensinado que viver é aprender sempre de forma singular em cada ocasião, em cada contexto. Não é bom, nem ruim! É bom, e é, ruim!
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