Carol Ribeiro
Ao sair da sala de diretoria me vi feliz por conhecer os novos rostos que iriam estar comigo na sala de aula... Em 2020, fevereiro, Pirajá, Salvador, Bahia. Foram duas semanas conhecendo a turma do sexto ano e todo o resto do ano letivo des(conhecendo-os). Foi um bom ano para caminhar inversamente proporcional ao impossível. Aprender a colocar máscaras para sair (a rotina é uma construção quase que romântica) aprender a ensinar colocar máscaras, desaprendendo o que já não serve, não para sempre, mas em presente. Assim, me despi do aprendido nas aulas dos estágios, desaprendi como ouvir, desaprendi principalmente a estudar. É que mudar em conjunto traz um furacão de possibilidades que bagunçam o(s) dito(s) passado(s) tão presente em nós. Desaprender a conhecer minhas alunas em telas do zoom me fez questionar como falar de célula na aula era interessante ou não visto que, lavar as mãos com álcool ou com sabão, é um simples procedimento de destruir membranas. Me vi questionando a experiência do aprender, seria talvez aquela frase dos meninos do fundo da sala: "pró, estou aprendendo isso para quê?". As membranas celulares, os limites dos des(caminhos) da vida precisam ser lembradas ao lavar as mãos? Não sei dizer o que deve ou não.
Então, nas aulas de dança, nas quais participava, percebi o quanto o movimento em si, teorizando-o, era um conhecimento, se aproximando, se distanciando, se fazendo em rebolados e se fazendo parte de angular a tela do celular para o professor ver minha coreografia, ou melhor, a coreografia dele executada por mim. Seria uma tradução? Seria a tradução de biologia celular o próprio movimento de lavar as mãos?
Já nenhuma certeza me resta ao não ser se devir em movimento.
LARROSA, Jorge. EDUCAR EN BABEL – NOTAS SOBRE LA PLURALIDAD Y LA
TRADUCCIÓN. Revista Teias, [S.l.], v. 2, n. 4, p. 12 pgs., ago. 2007.
DELEUZE, G. Controle e Devir (entrevista a Toni Negri) Em: Conversações, Rio de
Janeiro: Editora 34, 1992, p. 209 - 218.
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