Angela Camila Ayala Zambrano
Ruptura
A vida estava bem. Não era ótima, mas era como devia ser. Primeira ruptura. Um adeus. Algo estava “me comendo por dentro”, não sei (ainda) o que era. Suponho que era medo. Então eu parti. Eu corri para fora da cidade. Liguei para a mãe falando: "por favor, me tire daqui. Preciso voltar". Não tive coragem de ficar.
Caos
Os aeroportos cheiravam a desespero. Se você estava de máscara, ficava parecendo que se estava doente. De onde você vem? Para onde você vai? Você vai ficar muito tempo? Vão nos deixar entrar no país? Um homem me perguntou, nos perguntamos vários. A zona de migração estava cheia. O pessoal medico estava olhando para nós, fazendo perguntas, pegando dados. Fiquei ansiosa pensando em que talvez minha temperatura não estivesse no parâmetro e tivesse que ficar nesta cidade caótica mais tempo. E eu não queria estar aí, eu queria sair e fumar um cigarro.
Contratempo
Consegui chegar. Fecharam as fronteiras. Era oficial, estávamos em uma pandemia. Eu já tinha parado minha vida, não conseguia ficar nem em pé. Então quando todos foram forçados a parar, fiquei aliviada (mas não foi por muito tempo). Difícil de assimilar, pensei nas minhas aulas. Pensava, pensava... E da nada pensei que voltar havia sido um erro, como é que iria voltar? Como eu iria continuar? O desespero me levou ao meu 3º ataque de pânico do ano.
Disruptivo
Estar ocupado e dormir pouco, eram algumas das qualidades do "tempo". Constantemente “fazendo o tudo" a um click. Existe dor, existe medo, existe incerteza. Pela primeira vez, sinto que a vida não anda paralela à educação. É viver em duas velocidades. Essa necessidade de romantizar os infortúnios. Eu admiro as pessoas que seguiram. Eu sei que estava fisicamente na aula, mas não estava “presente” naquele momento. Hoje vejo os resultados dessa pausa com muita preocupação. A estrutura não permite que você pare, isso se você ainda estiver respirando.
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