Isis Ceuta
Permanência é um sentimento que parece ser próprio da era pandêmica. Permanecem as máscaras - que já foram de pano, duplas, triplas, e agora atendem por PFF2; permanece o álcool 70 - em gel, spray, com cheiro, descamando as mãos que precisam permanecer longe. Aposentei o banho do arroz, mas ainda há sprays de solução sanitizante pela casa. Já fui crescente, já fui cheia de menino, já pari, ja celebrei os onze mesversários que havia prometido nunca fazer, e o sentimento ainda está aí, revelando que o momento insiste em continuar. Há permanências na escola pandêmica.
Permanece a farda alinhada para a foto-chamada no grupo do WhatsApp. Permanece a queixa da colega que manda figurinha no PV, atrapalha a aula, não deixa fazer o dever. Permanece o pedido da professora para que a diretora passe no grupo para uma palavrinha com a turma. Na escola pandêmica, na rede em que atuo, a permanência também atende pelo nome continuum curricular. O nome, dito em voz alta, com esse final que puxa um som nasal malemolente, remete ao movimento. Mas, como me disse minha aluna Maria, o continum parece um quarto ano que nunca acaba.
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