Cristiane Mendes da Silva Santos
Começou com linha verde. Não sabia o que bordar,mas tinha certeza do verde, verde brilhante...(COLASANTI, 2005)
O tempo de excepcionalidade na educação como é dito na legislação educacional mais atualizada chegou anunciado pela Pandemia. Sinto-me em um emaranhando de questões, dúvidas e emoções. São fios de existência que como num rolo de costura se desorganizaram causando aquele bolo de fios ...Sou uma Professora. Onde acharei a ponta do fio condutor do currículo certo para este tempo? Conseguiremos tecê-lo? Sinto-me uma moça tecelã buscando o fio certo para começar meu tear... Como planejar minhas aulas nestes tempos? Como tecer meus saberes entretecidos, por vezes, entristecidos pelas ausências causadas pelo distanciamento social? Por onde andam minhas turmas?
Durante o ano de 2020 não tivemos nem aulas remotas na Rede Estadual de Ensino. Quantos vazios, lacunas se abriram ou foram evidenciadas. As ausências eram muitas e me dão os fios para algumas tessituras indagadoras de mim mesma:
• Como se conectar? Há falta de acesso digital e equipamentos para a maioria dos estudantes;
• E a ausência do acompanhamento de alguns responsáveis quanto a entrega/devolutiva dos Blocos de Atividades?
• Como planejar as ações pedagógicas através de atividades remotas que contemplem as aprendizagens essenciais para o Continuum Curricular 20/21?
• Como proporcionar possibilidades de construção de aprendizagens básicas que não foram ainda consolidadas pelos estudantes?
• Como subsidiar emocionalmente e tecnicamente os Profissionais da Educação em tempos em que as incertezas tornam o ato de ensinar e aprender mais desafiadores?
Teço reflexões a partir dos fios da diversidade de saberes, sentimentos e emoções que se entrelaçam no interior das nossas escolas virtuais, compondo uma totalidade multifacetada. Trazendo esse fio nesta costura, destaco a “sociologia das ausências” como uma forma de expandir o presente; e a “sociologia das emergências” como uma forma de contrair o futuro a partir dos estudos de Boa Ventura Santos (2002). Essa costura é complexa, uma vez que se comunica com minhas representações e dos estudantes sobre o cotidiano escolar em tempos de Pandemia. Penso: É uma fase? Vai passar...lembro-me das Fases da Lua.
Como uma Mulher de Fases vou me alinhando com a Lua. E então, a Lua Cheia aparece como a “Superlua”. A "lua cheia perigeana” que se refere ao perigeu, ou seja, quando a lua fica mais próxima da Terra. Este fenômeno torna-se especial, justamente pelo Universo nos proporcionar ficar pertinho da lua, na sua fase de plenitude, quando ela está cheia. Algo lindamente curioso é que a “Superlua” recebe o nome das flores rosas do início da primavera no Hemisfério Norte, também, chamada de “rosa musgo”, nativa do leste da América do Norte. Ainda tem tribos americanas que a chama de “lua primaveril” que anuncia o derretimento da neve e a revoada dos gansos voltando à sua casa após o inverno.
Será que nosso inverno pandêmico está se aproximando do fim? Eu Professora, Tecelã de um fazer tão incerto que o tear do Universo colocou em minhas mãos. Qual o compasso desse ir e vir para tecer o currículo que atenda este momento? E recorro a Pedagogia do A-con-tecer (2008) para tecer a partir de algumas reflexões memorialísticas da Profª Inez Carvalho sobre a sua itinerância profissional onde ela destaca que “Na pedagogia do A-con-tecer, abandona-se, ao se abraçar o conceito de emergência (Johnson, 2003), a idéia de aplicação/execução de algo pré-pensado e passa-se a trabalhar com o conceito de imanência, entendida como central nos processos contemporâneos.” Assim, vejo-me tecendo um currículo com fios de lua a partir dos fios da minha existência como Professora em constante construção que transcende o tempo e o espaço. Percebo-me com a Super Lua em mim. Lua Cheia de possibilidades de bons encontros com o melhor de mim, profissional que resiste a cada fase e que tenta aprender com elas. Preparo-me... Olharei para o céu do Currículo e à moda de Pinar (2013) estabelecerei uma conversa nada complicada com a Lua sobre os devires de Ser/ Sendo Professora em meio ao meu Tear de Saberes com os estudantes que voltaram através dos fios de fibra ótica...Me permitirei encantar-me com a harmonização do meu SER PROFESSORA com esta energia especial. Harmonizo-me com o Uni (verso) da Lua em Flor e costuro este momento com fios da esperança do verbo ESPERANÇAR!!!
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