Eide Paiva
Surpreendida pela pandemia da COVID-19, de forma súbita, me refiz docente me dando conta das minhas próprias limitações tecnológicas e pedagógicas. Consciente de que sozinha eu não poderia aprender e ensinar, ensinar e aprender em ambiente online, a codocencia emergiu como potência, e uma rede de afeto e trabalho foi tecida para garantir a oferta de um componente obrigatório na pós-graduação em Educação.
O plano de aula contemplou momentos síncronos na plataforma Google Meet, e assíncronos no Google sala de aula e em grupo do WhatsApp. Os momentos síncronos, denominados Janelas Abertas, foram espaços-tempo de diálogos abertos à comunidade externa. Os momentos assíncronos, denominado Diário de Campo, foram de produção textual.
Ampliando os sentidos e as possibilidades da codocencia, para cada momento foram convidadas egressas do programa, professoras da educação básica, pesquisadoras de diferentes grupos de pesquisas e ativistas feministas. As questões problematizadas no e pelo coletivo refletiram as contingências do momento pandêmico e como o fazer científico é por ele afetado.
Através das Janelas Abertas, estudantes e docentes foram provocadas a confrontar a si próprio, colocando em questão a experiência de viver na pandemia, e a deslocar as proposições metodológicas antes pensadas através da interação com os(as) sujeitos(as) da pesquisa para o campo da virtualidade, impulsionando assim o autoconhecimento.
O gerenciamento dos espaços foi compartilhado entre docentes e discentes, que, de forma coletiva, participativa e colaborativa, promoveram a leitura, a reflexão e a escrita de artigos que refletem a escolha metodológica dos projetos de pesquisa em andamento na pós-graduação. Os artigos produzidos foram organizados em uma coletânea intitulada: Caminhos Metodológicos da Pesquisa Aplicada em Educação (no prelo).
Essa experiência me/nos ensinou que a cibercultura fomenta a autoria, a cocriação, a participação ativa e interativa em rede na constituição da mensagem produzida numa dialogicidade que requer afetividade, compromisso com a participação das/os estudantes considerando seus desejos, suas experiências contextualizadas, seus engajamentos socioafetivos, suas percepções e visões de mundo como ponto de partida-chegada de nossa práxis pedagógica.
Assim, no movimento da lua me refiz e me refaço docente abrindo novas janelas de ensino-aprendizagem?
Comments