Sara Franco
Depois de um ano e três meses de pandemia declarada é possível dizer que estamos vivendo na anormalidade? Quero dizer, o fato de ter vivido até certo momento de um jeito e logo de cara de outro, significa que este último é anormal? Talvez seja interessante perguntar às pessoas que se tornam mãe sobre.
Acredito que essa é uma boa forma de referenciar meu sentir sobre esta (a)normalidade. Basicamente estou aprendendo trocar as fraldas do bebê ao tempo em que ele faz cocô e assim por diante, com tudo, até com o estudo. Mas reparem, depois de ver sorrir a criança qualquer um corre o risco de se apaixonar, mesmo momentaneamente.
Nesta tal de (a)normalidade já aprendi fazer amigos depois das aulas virtuais. O corredor foi trocado pelo número de WhatsApp e o café por uma dose de coragem para cumprimentar aos outros. Não funciona igual, não é a mesma coisa, mas é. E que dizer das aulas: elas estão quase que do mesmo jeito. O professor que só falava sem parar de uma ideia continua fazendo a mesma coisa desde o conforto da sua casa, só que agora é julgado por não ser o suficientemente "didático" e, quem tinha dificuldades para chegar à universidade de busu é o mesmo quem não tem recursos tecnológicos para se conectar na maioria dos casos.
Não sei vocês, mas eu continuo estudando e isso vai além da grade curricular que a universidade impôs. O currículo se abriu para outras experiências.Muitas e valiosas coisas que não estariam acontecendo no tal de normal estão sendo apreendidas: a estar só, a sentir saudades, a não sarar minhas vontades, a entender meu tédio, a cuidar dos demais de outras formas, a soltar e a considerar outras variáveis em meus planos, pois no final, nem sempre é que atravessamos uma pandemia e vivemos ela, nela e com ela, na aceitação.
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